Algumas complicações pós-operatórias, podem ocorrer em diversas abordagens neurocirúrgicas e possuem grande potencial de morbi-mortalidade.
Edema Cerebral
– Pode ser extremamente deletério, levando inclusive a herniações, alteração do nível de consciência e óbito.
– Causas: manipulação, retração e, principalmente, lesão venosa inadvertida durante a ressecção do tumor levam a edema vasogênico e citotóxico (menor proporção).
– Cirurgias com grande risco de edema: ressecção de meningiomas, glioblastoma multiforme, reabordagens, procedimento de longa duração.
– Manejo:
– Baseado na gravidade e na doença de base
– Controle da via aérea – hiperventilação por curto período
– Agentes osmóticos (manitol ou solução salina hipertônica)
– Corticóide no caso de edema tumoral
– Coma barbitúrico
– DVE para monitoração da PIC em paciente intubado e para possível drenagem de líquor para controle da PIC
– Em casos refratários: craniectomia descompressiva
Hemorragia intracraniana
– Ocorre com prevalência de 1 a 3% após craniotomia. Em 10 a 20% dos casos o sangramento ocorre longe do sítio cirúrgico;
– A maioria das hemorragias ocorre nas primeiras 6 horas do procedimento;
– Fatores de risco: distúrbio de coagulação, cirurgia de urgência, hipertensão arterial pós-operatória;
– Relacionado a grande piora no prognóstico, havendo óbito em torno de 30% e chegando a um desfecho ruim (óbito ou sequela grave) em até 55% dos casos;
– Manejo: é controverso, devendo-se analisar caso a caso.
– Hemorragias de fossa posterior estão relacionadas a pior prognóstico.
Pneumoencéfalo:
– Comumente observado no pós operatório;
– Normalmente sem repercussão clínica;
– Alguns casos podem evoluir para pneumoencéfalo hipertensivo, com efeito de massa e necessidade de descompressão cirúrgica. Algumas causas:
– Drenagem liquórica abundante
– Mecanismo de válvula permitindo a entrada de ar, mas não a saída
– Uso de óxido nítrico intra-operatório
– Reaquecimento após hipotermia (expansão do ar)
Convulsões:
Ocorre em 8 a 18% dos pacientes submetidos a abordagens supratentoriais, considerando os primeiros 15 dias após o procedimento, em pacientes sem uso de anticonvulsivantes;
– Crises convulsivas precoces não estão relacionadas com o desenvolvimento de epilepsia.
Fatores de risco:
– Lesão expansiva intracraniana: meningioma, glioma de baixo grau, glioma de alto grau, abscesso cerebral, metástase, MAV, trauma.
– Convulsões pré-operatórias
– Localização: lesões de fossa posterior possuem baixo risco (1,8%)
– Nível plamático baixo de anticonvulsivantes
– Hipoglicemia
– Acidose
– Medicações que diminuem o limiar convulsivo
– A convulsão pode representar uma complicação pós-operatória e deve-se considerar a indicação de neuroimagem
– A própria convulsão acarreta uma série de malefícios:
– Aumenta o metabolismo cerebral
– Aumenta o fluxo sanguíneo cerebral
– Aumenta a PIC
– Aumenta o risco de edema e sangramento
– Rebaixa o nível de consciência – hipoventila e aumenta risco de aspiração
– Em pacientes que demoram para acordar após o procedimento ou que rebaixam o nivel de conciência sem causa aparente, é importante estar atento para a possibilidade de status epiléptico não convulsivo
Isquemia cerebral:
– Complicação que pode ocorrer após:
– Endarterectomia – migração de trombos da placa
– Clipagem de aneurisma – por clipagem inadvertida de perfurantes ou por vasoespasmo
– Lesão venosa, levando a infarto venoso
– Aumento da pressão intracraniana (PIC>PAM)
– Herniações – compressão de estruturas vasculares
Hidrocefalia:
– Complicação comum em cirurgias que abordam o ventrículo ou lesões de fossa posterior, quando há sangramento importante, ou quando há infecção do SNC;
– Apresenta-se normalmente com rebaixamento do nível de consciência;
– Rebaixamentos do nível de consciência devem ser avaliados com TC de Crânio e havendo hidrocefalia, avaliar implante de sistema de derivação ventricular ou terceiroventriculostomia.